“A política é constituída por
homens sem ideais e sem grandeza”, assegurava Albert Camus. Já Voltaire
afiançava: "A política tem a sua fonte na perversidade e não na
grandeza do espírito humano”.
A nobre arte de pilhar as
palavras dos outros está em todo o lado: não há discurso, entrevista ou texto
político em que não surjam citações, pensamentos, aforismos de grandes
pensadores e filósofos.
Sócrates, o político, na famosa
entrevista que deu ao Expresso antes de se candidatar a líder do PS, citou, na
perfeição, uma chusma infindável de autores, como Aristóteles, Ortega y Gasset,
Fernando Pessoa, Eduardo Lourenço, Nietzsche, Marx, etc, etc... Impõe-se,
então, mais uma citação: "Parece um absurdo, e no entanto é a
exacta verdade, que, se toda a realidade for vazia, não haverá mais nada de
real nem de substancial no mundo além das ilusões." – Giacomo Leopardi.
Já a Figueira, capital do império
ilusório, tem em Miguel Almeida o seu grande citador: o candidato a Presidente
da Câmara pelo PSD, na condição de cronista semanal do diário As Beiras,
brindava-nos com imensas citações nos seus escritos...
Assim, coerentemente, importa
citar abundantemente no momento em que se escreve sobre a brilhante carreira
política de Almeida. Comecemos por Rémy Gourmont: "A política é como o
piano e a prostituição: é preciso começar de muito novo, caso contrário não se
chega a nada."; e Almeida iniciou-se nas lides políticas ainda jovem,
até porque a “política é talvez a única profissão para a qual se pensa que
não é precisa nenhuma preparação” (Robert Stevenson).
E a verdade é mesmo essa, Miguel
cometeu o feito de chegar a vereador de Santana Lopes sem um currículo
minimamente aceitável: foi um péssimo aluno no Secundário, não chegou a ter um
emprego a sério... cacicou, conspirou, colou cartazes, trabalhou em associações
ligadas ao PSD, tudo menos estudar ou preparar-se politicamente para um cargo
com a importância de vereador camarário; como diria Francis Bacon, “todo o acesso a uma alta função se serve de uma escada
tortuosa".
O resultado foi o esperado:
incompetência, irresponsabilidade, megalomania, despesismo... O episódio que
melhor ilustra a acção de Almeida como vereador tem um nome: Pé-de-Salsa. Na
altura, a autarquia decidiu gastar 350 mil euros de dinheiro público na instalação
de uma discoteca na ilha da Morraceira. Repito: Miguel Almeida desbaratou 350
mil euros de dinheiros públicos numa discoteca e, como se não bastasse,
concessionou-a abaixo do preço da renda paga pela câmara! Um negócio perfeito
para quem quer desrespeitar os impostos dos portugueses. Como diria Louis
Saint-Just, “todas as artes só produziram maravilhas; a arte de governar só
produziu monstros”.
Ainda por cima, Miguel Almeida
deslumbrou-se com o poder, largou a humildade e discrição que o caracterizavam
mal alcançou o poder; o Almeida vereador passou a ser arrogante, sobranceiro e
insolente (os funcionários camarários que foram, na altura, destratados pelo
autarca podem confirmar este facto).
E a cereja em cima do bolo:
antes de entrar na política, Miguel Almeida detinha parcos recursos; o Almeida
vereador e político passou a apresentar sinais exteriores de riqueza: quem se
esquece do carregamento de charutos, vindo de Cuba, que ficou retido na
Alfândega? Ou do restaurante de luxo, La Bodeguita, que abriu em Marbelha mal
deixou o cargo de vereador? Ainda bem que Baron de Montesquieu afirmou um dia: "A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios".
Por que razão é importante
recordar tudo isto? Porque
Miguel quer ser Presidente da Câmara da Figueira da Foz, apesar de não haver “política sem ética, cansaram-se de dizer
três dos nossos maiores: Herculano, Antero e Sérgio. A propensão de servir, a
rectidão de carácter, a vocação para a
fidedignidade, a instância de comportamento cívico foram ensinamentos
desejadamente ecoantes, mas lamentavelmente desprezados por Governos
vergonhosos”. – Baptista
Bastos.
Almeida governou vergonhosamente
a cidade e quer repetir a experiência... Só me ocorre o seguinte: "É
uma pena que todas as pessoas que sabem como é que se governa o país estejam
ocupadas a conduzir táxis ou a cortar cabelo". –George
Burns.