segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O Aleixo


Recordam-se de António Aleixo?

O poeta das quadrinhas populares:
“Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas,
lições de filosofia”.

Uma amargura real, de Aleixo e de um povo pobre e analfabeto que ainda subsiste vendendo cautelas, pastoreando, cantando de feira em feira, sendo servente e pedreiro; Aleixo tudo fez, mas nunca saiu da miséria...

Aleixo vingava-se da injustiça deste mundo através de quadrinhas populares; pergunto-me: que quadras utilizaria ele se lesse as declarações dos populares que apoiam Miguel Almeida?!
No facebook do “Somos Figueira” (PSD), estão reproduzidos testemunhos de apoiantes de Almeida; por exemplo, Rui Azevedo - 35 anos, São Julião - apregoa que Miguel Almeida “é um homem frontal e rigoroso e por tudo o que já fez pelo país e que já solicitou para o nosso concelho” é que Azevedo apoia Almeida.

Vejamos ponto por ponto: Miguel Almeida é um homem rigoroso?!
Bom, Miguel Almeida fez parte de um executivo que cometeu o feito de aumentar a dívida em 340% ! E, já agora, vejam a dívida a fornecedores: em 2001 era de 2,3 milhões de euros; em 2005, chegou aos 33 milhões de euros! Ou seja, um aumento de 1304%!
Este cenário até seria cómico se não fosse tão trágico: algumas empresas acabaram por falir porque a autarquia não lhes pagou...
Como diria António Aleixo:

Quantas sedas aí vão,
quantos colarinhos,
são pedacinhos de pão
roubados aos pobrezinhos!”

Rui Azevedo garante-nos, ainda, que Miguel fez imensas benfeitorias  pelo “país”. Já Cristina Martins – 45 anos, Borda do Campo – afirma: “Acho que o Miguel Almeida é um homem sério, íntegro e acima de tudo é figueirense”. E Manuela Marinheiro – 74 anos, São Julião – conclui: “ O Miguel é o futuro!”
Vejamos o passado, pois só assim poderemos compreender o presente e o futuro: Miguel Almeida passou de administrativo da Cercifoz a vereador, de proprietário de um restaurante de luxo a deputado da Assembleia da República, de chefe de gabinete a gestor de uma empresa pública que se dedica ao tratamento de lixos. E tudo isto sem ter concluído o ensino secundário!

Não terá que ser Miguel Almeida a agradecer ao país?!
Ou, como diria Aleixo:

“Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba”.

Mas há um episódio que ajuda a aferir se Almeida é um “homem sério” e “integro”, como afiança a Cristina Martins da Borda do Campo:
Em 2005, Miguel Almeida foi constituído arguido no âmbito do caso Freeport.  O Ministério Público, com base em provas testemunhais,  acusou Almeida de ter participado num conjunto de reuniões – com jornalistas e agentes da judiciária – no sentido de ver “publicada informação que denegrisse a imagem de José Sócrates” (conforme despacho da magistrada Inês Bonina).
Sabem o que o “sério” e “integro” Miguel Almeida fez para se defender? Nada. Não suspendeu o mandato de deputado da Assembleia da República, que lhe conferia imunidade parlamentar (o que, de resto, causou imenso incómodo na bancada parlamentar do PSD e no, à data, líder do partido, pois Marques Mendes tinha impedido Isaltino Morais de se recandidatar em Oeiras...).

Miguel não quis defender a sua honra; António Aleixo diria:
“Entre leigos ou letrados,
fala só de vez em quando,
que nós, às vezes, calados,
dizemos mais que falando”.

E a verdade é mesmo esta: António Aleixo nasceu pobre e teve de  trabalhar de sol a sol para sustentar a família; Almeida, de origens humildes, viveu a vida inteira da política, daquela politicazinha mais baixa e irresponsável...
Vejam o que ele fez na Figueira da Foz, na qualidade de vereador do executivo mais despesista de toda a história autárquica do concelho! Querem exemplos?! Gastaram-se 300 mil euros no pórtico da entrada da cidade, 40 mil euros num tapume para tapar salinas da margem sul, 150 mil euros num natal e passagem de ano (com direito a tenda Vip, no Palácio Sotto Mayor, para a gente bem da cidade...), 350 mil euros numa discoteca na Morraceira, 900 mil euros num centro de congressos que nunca passou do papel, etc, etc.

Só neste breve resumo, contabilizo 1 milhão e 740 mil euros...

Confesso que me sinto como António Aleixo:

“Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade”.


 

 

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