Recordam-se de António Aleixo?
O poeta das quadrinhas populares:
“Eu não tenho vistas
largas,nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas,
lições de filosofia”.
Uma amargura real, de Aleixo e de um povo pobre e analfabeto que ainda subsiste vendendo cautelas, pastoreando, cantando de feira em feira, sendo servente e pedreiro; Aleixo tudo fez, mas nunca saiu da miséria...
Aleixo vingava-se da injustiça
deste mundo através de quadrinhas populares; pergunto-me: que quadras
utilizaria ele se lesse as declarações dos populares que apoiam Miguel
Almeida?!
No facebook do “Somos Figueira”
(PSD), estão reproduzidos testemunhos de apoiantes de Almeida; por exemplo, Rui
Azevedo - 35 anos, São Julião - apregoa que Miguel Almeida “é um homem frontal
e rigoroso e por tudo o que já fez pelo país e que já solicitou para o nosso
concelho” é que Azevedo apoia Almeida.
Vejamos ponto por ponto: Miguel
Almeida é um homem rigoroso?!
Bom, Miguel Almeida fez parte de
um executivo que cometeu o feito de aumentar a dívida em 340% ! E, já agora,
vejam a dívida a fornecedores: em 2001 era de 2,3 milhões de euros; em 2005,
chegou aos 33 milhões de euros! Ou seja, um aumento de 1304%!
Este cenário até seria cómico se
não fosse tão trágico: algumas empresas acabaram por falir porque a autarquia
não lhes pagou...
Como diria António Aleixo: “Quantas sedas aí vão,
quantos colarinhos,
são pedacinhos de pão
roubados aos pobrezinhos!”
Rui Azevedo garante-nos, ainda, que Miguel fez
imensas benfeitorias pelo “país”. Já
Cristina Martins – 45 anos, Borda do Campo – afirma: “Acho que o Miguel Almeida
é um homem sério, íntegro e acima de tudo é figueirense”. E Manuela Marinheiro
– 74 anos, São Julião – conclui: “ O Miguel é o futuro!”
Vejamos o passado, pois só assim
poderemos compreender o presente e o futuro: Miguel Almeida passou de
administrativo da Cercifoz a vereador, de proprietário de um restaurante de
luxo a deputado da Assembleia da República, de chefe de gabinete a gestor de
uma empresa pública que se dedica ao tratamento de lixos. E tudo isto sem ter
concluído o ensino secundário!
Não terá que ser Miguel Almeida a
agradecer ao país?!
Ou, como diria Aleixo:
“Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba”.
Mas há um episódio que ajuda a aferir se Almeida é um “homem sério” e “integro”, como afiança a Cristina Martins da Borda do Campo:
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba”.
Mas há um episódio que ajuda a aferir se Almeida é um “homem sério” e “integro”, como afiança a Cristina Martins da Borda do Campo:
Em 2005, Miguel Almeida foi
constituído arguido no âmbito do caso Freeport.
O Ministério Público, com base em provas testemunhais, acusou Almeida de ter participado num
conjunto de reuniões – com jornalistas e agentes da judiciária – no sentido de
ver “publicada informação que denegrisse a imagem de José Sócrates” (conforme
despacho da magistrada Inês Bonina).
Sabem o que o “sério” e “integro”
Miguel Almeida fez para se defender? Nada. Não suspendeu o mandato de deputado
da Assembleia da República, que lhe conferia imunidade parlamentar (o que, de
resto, causou imenso incómodo na bancada parlamentar do PSD e no, à data, líder
do partido, pois Marques Mendes tinha impedido Isaltino Morais de se
recandidatar em Oeiras...).
Miguel não quis defender a sua
honra; António Aleixo diria:
“Entre leigos ou letrados, fala só de vez em quando,
que nós, às vezes, calados,
dizemos mais que falando”.
E a verdade é mesmo esta: António
Aleixo nasceu pobre e teve de trabalhar
de sol a sol para sustentar a família; Almeida, de origens humildes, viveu a
vida inteira da política, daquela politicazinha mais baixa e irresponsável...
Vejam o que ele fez na Figueira
da Foz, na qualidade de vereador do executivo mais despesista de toda a
história autárquica do concelho! Querem exemplos?! Gastaram-se 300 mil euros no
pórtico da entrada da cidade, 40 mil euros num tapume para tapar salinas da
margem sul, 150 mil euros num natal e passagem de ano (com direito a tenda Vip,
no Palácio Sotto Mayor, para a gente bem da cidade...), 350 mil euros numa
discoteca na Morraceira, 900 mil euros num centro de congressos que nunca
passou do papel, etc, etc.
Só neste breve resumo,
contabilizo 1 milhão e 740 mil euros...
Confesso que me sinto como António
Aleixo:
“Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade”.
“Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade”.
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